A ciência detrás do polígrafo | Teste psicofisiológico forense
Antes de entrar na base científica do polígrafo e do teste do polígrafo devemos primeiro aprofundar sobre o que é “Ciência”.

Ciência pode ter diferentes definições e pontos de vista mas fundamentalmente podemos dizer que ciência (do latim scientia, traduzido por “conhecimento”) refere-se a qualquer conhecimento ou práticas sistemáticas. Em sentido estrito, ciência refere-se ao sistema de adquirir conhecimento baseado no método científico, bem como ao corpo organizado de conhecimento conseguido através de tais pesquisas.
Portanto para que algo possa ser confirmado como científico deve cumprir com certas normas, seguir uns procedimentos estandardizados e obter resultados contrastados.
Podemos distinguir entre três áreas da ciência: as ciências formais, compreendendo a Matemática e as ciências matemáticas como a estatística; as ciências físico-químicas e experimentais (ciências da natureza e da terra como a física, química, biologia, medicina); e as ciências sociais, que ocupam-se do Homem, de sua história, do seu comportamento, da língua, do social, do psicológico e da política, entre outros.
A psicofisiologia, matéria da qual faz parte o teste do polígrafo, nasce da fusão entre fenômenos da ciência natural (medicina) e social (psicologia). A psicofisiologia constrói sobre conhecimentos adquiridos nestas ciências e aplica procedimentos estruturados para chegar a conclusões medíveis e contrastadas. O método (teste psicofisiológico) ministra estes conhecimentos em um ambiente controlado para chegar a uma conclusão científica sobre a veracidade ou falsidade de um testemunho com respeito a uma ação concreta.
Isto significa que o teste psicofisiológico verifica se uma ação sucedeu ou não.
O teste psicofisiológico logra este objetivo (verificar a veracidade de um examinado sobre uma ação) empregando uma metodologia científica reprodutível obtendo resultados cientificamente comprovados. Mais adiante explicamos o método científico e a base científica do teste psicofisiológico, também conhecido como teste do polígrafo. O polígrafo dentro da ciência social.
Também preparamos um vídeo para explicar a base científica do teste do polígrafo.
O método científico do processo do teste do polígrafo

Um teste psicofisiológico profissional, seja este no âmbito legal, de tratamento psicológico ou mesmo particular, deve seguir um procedimento contrastado para garantir a fiabilidade do teste e cumprir com o processo científico.
Para que algo possa ser aceito como científico deve de ter:
- Uma hipótese, teoria
- Uma metodologia
- Resultado comprovado e repetível
Um teste psicofisiológico tem como hipótese poder verificar a veracidade de um testemunho com respeito a uma ação. Portanto podemos dizer que o teste psicofisiológico tem como objetivo obter um resultado cientificamente comprovado sobre a veracidade ou engano de um sujeito com respeito às suas ações sobre um determinado assunto.
Para chegar a esta conclusão um teste psicofisiológico emprega um processo estandardizado, no qual aplica conhecimentos da área da medicina e psicologia. Isto permite que o polígrafo tenha uma base científica e seja uma ciência medível.
O teste psicofisiológico tem 4 passos:
- Entrevista prévia
- Recolha de dados fisiológicos
- Análise dos dados fisiológicos
- Entrevista pós-teste
1. Entrevista prévia

A entrevista prévia serve para identificar os elementos do caso. Nesta fase o perito obtém informação sobre o sujeito, confirma o seu consentimento voluntário ao teste, explica o funcionamento do teste e do instrumento e é definido o objetivo do teste. É nesta fase também que é possibilitado ao sujeito explicar a sua versão dos fatos.
Com toda a informação contrastada o psicofisiologo determina a técnica e as perguntas necessárias para testar as ações do assunto baixo investigação.
2. Recolha de dados fisiológicos

Esta é a fase de comparação do processo científico. Nesta fase, o perito recolhe os dados fisiológicos do examinado com o polígrafo através dos diferentes sensores: 2 pneumografos (respiração), 1 galvanômetro (condutância galvânica da pele) e um esfigmomanômetro (atividade cardiovascular).
Técnicas validadas por o estudo de meta-análise de 2011 da (APA) Associação Americana de Poligrafistas são utilizadas para a recolha da informação fisiológica. As medições são realizadas em várias ocasiões e numa ordem pré-estabelecida. Estas técnicas são desenhadas para poder distinguir com fiabilidade provada entre veracidade ou engano.
O instrumento do polígrafo regista as alterações que o sistema nervoso autônomo causa no organismo humano. Estes registos servem de base para a interpretação e resultados da perícia.
3. Análise de dados fisiológicos

Esta fase é onde sucede a interpretação do material estudado. Regras de avaliação standard são aplicadas às leituras obtidas na fase de recolha dos dados fisiológicos. Uma avaliação numérica é praticada sobre as reações fisiológicas medidas para chegar a um resultado final.
O resultado do teste psicofisiológico pode ser:
- Engano Detectado
- Engano Não Detectado
- Inconclusivo
Dependendo do tipo de teste realizado e técnica utilizada o resultado tem uma percentagem de fiabilidade comprovada através de diferentes estudos.
Em testes de diagnóstico que são normalmente os testes que são utilizados para casos legais a percentagem de fiabilidade é de 90%.
4. Entrevista pós-teste
Nesta fase o perito permite ao examinado acrescentar algum comentário adicional sobre a sua declaração.
Técnicas poligráficas cientificamente validadas
Seguir um procedimento estruturado é imperativo para poder ser qualificado como científico. Em testes do polígrafo isto não unicamente sucede através de uns passos de condicionamento do sujeito examinado, mas também através de técnicas de perguntas estruturadas.
Quando falamos de testes do polígrafo podemos distinguir entre três tipos de testes, técnicas:
- Pico de tensão
- Filtro
- Diagnóstico
Dependendo do tipo de teste, é aplicado um formato dentro de um técnica. O formato define:
a) Tipo de perguntas
b) Ordem da apresentação das perguntas
c) Rotação das perguntas nas diferentes sequências
d) Critérios de avaliação do formato.
Desta forma, utilizando um mesmo formato para resolver um assunto de forma poligráfica, é possível alcançar uma fiabilidade contrastada.

Os tipos de testes mais utilizados são os testes de filtro e de diagnóstico. Ambos testes utilizam perguntas suspeitas e de paradigma para permitir medir o grau de veracidade de um sujeito.
Os testes de filtro são normalmente aplicados para selecionar sujeitos num processo. Esta técnica explora diferentes facetas de um assunto e pode, devido ao alcance da investigação, perder certo grau de fiabilidade nos resultados. Estes exames são conhecidos como técnicas MGQT e são utilizadas para processos de seleção em recursos humanos, tratamento psicológico, etc.
Os testes de diagnóstico são os formatos que mais fiabilidade alcançam dentro das técnicas poligráficas. Isto se deve ao tipo de perguntas que utilizam. Estas perguntas analisam uma ação baixo suspeita concreta e permitem corroborar em diferentes ocasiões o efeito que estas causam no sistema nervoso autônomo. Estas técnicas são também conhecidas como técnicas de ZONA e são normalmente utilizadas para assuntos de crime, delitos. (Para mais informação sobre o uso do polígrafo em temas legais no Brasil pode visitar o seguinte link).
No estudo de meta-análise realizado pela APA (Associação Americana de Poligrafistas) em 2011 diferentes técnicas foram testadas e validadas por estudos independentes. Um perito psicofisiologo deve unicamente utilizar técnicas validadas no exercício da sua profissão. Para conhecer o estudo completo de validação das técnicas do polígrafo por favor baixar o seguinte documento.
O polígrafo como instrumento de medição científica | O polígrafo científico

O polígrafo é meramente um instrumento de trabalho para o perito psicofisiologo. No entanto, até à data, é o instrumento que melhor responde à necessidade de informação para o perito poder dar um resultado cientifico e fiável.
O polígrafo faz parte dos instrumentos de medição medicinais de “biofeedback” que são empregados para obter informação do organismo humano.
O polígrafo evoluiu consideravelmente desde o primeiro aparato ensamblado por John Larson em 1921. Hoje em dia, o aparato não só tem mais canais de medição, mas as leituras arrojadas pelos diferentes sensores são transmitidas e tratadas em formato digital.
O instrumento regista a atividade fisiológica de um indivíduo em homeóstase. É este estado de estabilidade/equilibro do organismo humano que permite medir as alterações causadas pelo sistema nervoso autônomo e de identificar com toda segurança a sua origem.
Os instrumentos que são utilizados para diagnosticar a probabilidade de engano ou veracidade medem normalmente a respiração, a pressão arterial e o suor.
Estes aparelhos têm softwares explicitamente desenvolvidos para poder aplicar as técnicas poligráficas de detecção de engano.
Os instrumentos poligráficos para a detecção de engano foram sujeito a inúmeras provas de fiabilidade e provaram ter fiabilidades de medições que roçam a perfeição, 100%.
A base científica do polígrafo repousa assim num procedimento, método científico que utiliza um instrumento cientificamente comprovado.